Fotos: Divulgação
O grupo de pesquisa Mídia, conhecimento e meio ambiente: olhares da Amazônia participou dos processos de discussões dos relatórios Regulação das plataformas digitais no Brasil e Combate à desinformação sobre a Amazônia Legal e seus defensores. O primeiro é fruto do trabalho de instituições e organizações civis reunidas na Sala de Articulação contra a Desinformação. O segundo relatório foi coordenado pela Intervozes com participação de organizações não governamentais da região Norte.
O grupo de trabalho contra desinformação na Amazônia Legal deu destaque a uma concepção regional de combate a difusores de mídias locais e fora de região que propagam notícias falsas, textos sensacionalistas e manipulam informações, portanto, gerando desconfianças a respeito das comunidades amazônidas, aos problemas ambientais e seus impactos no maior bioma brasileiro. Oito das dez organizações envolvidas na articulação de mobilização e educação midiática são da Amazônia Legal.
“As maiores problemáticas relacionadas ao meio ambiente encontradas pelo grupo de trabalho envolveram a desinformação sobre dados de desmatamentos e queimadas transformados em números descontextualizados ou manipulados para relacionar atividades econômicas destruidoras com conservação e o garimpo ilegal com preservação ambiental”, destaca o professor Simão Farias, líder do grupo de pesquisa Mídia, conhecimento e meio ambiente.
O grupo de trabalho confirmou a percepção da ausência ou concentração da cobertura jornalística na Amazônia, limitando o direito de sua população residente de uma extensa região à informação apurada e checada.
“Os temas ambientais identificados nas publicações dos sites de notícias correspondem a menos de 10% do total de postagens diárias feitas dos sites propagadores de má informação, fakes e negacionismo durante o período analisado”, pontua a coordenação do projeto.
O relatório das dez organizações recomenda o desuso de verbas públicas para financiar a desinformação das mudanças climáticas e que as plataformas criem filtros ligados aos temas ambientais e do clima de modo a categorizar esse conteúdo impulsionado.
GT DE ARTICULAÇÃO CONTRA DESINFORMAÇÃO – A sala de articulação em seu relatório defende o marco regulatório capaz de democratizar o espaço digital com responsabilidade pública e jurídica, além da responsabilização das plataformas por conteúdo impulsionado. Ela envolve mais de 100 entidades acadêmicas e organizações da sociedade civil engajadas em construir posições conjuntas em busca de soluções contra a violência política e a desinformação socioambiental.
Segundo Simão Farias, o propósito da sala de articulação é defender a educação midiática capaz de combater o negacionismo do clima, dos problemas socioambientais, dos povos originários e tradicionais, cobrando a exibição de advertências em canais de comunicação reincidentes no descumprimento de regras, sanções e decisões judiciais.
As organizações e instituições envolvidas entendem que as comunidades vulneráveis aos impactos socioambientais devem ser protegidas da violência política e cobram das plataformas procedimentos específicos em favor de contas dos ambientalistas, indígenas e quilombolas geralmente reportadas negativamente de forma sistemática por usuários motivados a derrubá-las.
Os dois relatórios foram divulgados e compartilhados na semana em que o Congresso Nacional apreciou a urgência da votação do projeto de lei de número 2630/2020 que regulamenta o combate às “fake news” por parte das plataformas de mídias digitais e redes sociais.
“Nosso grupo de pesquisa lembrou aos grupos de trabalho que a desinformação segmentada responsável por propagar notícias falsas a respeito da sociobiodiversidade deve sofrer punição maior tanto quanto as mentiras relacionadas a pessoas e grupos de identidades de gênero, raça e vítimas da ideologia de capacitismo”, defende o líder Simão Farias.
ONDE ENCONTRAR
Relatório Combate à desinformação sobre a Amazônia Legal e seus defensores:
Relatório Regulação das plataformas digitais no Brasil:
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